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Alta no Preço do Pão Expõe Desafios de Padarias e Impacta o Consumo Popular

Economia

Alta no Preço do Pão Expõe Desafios de Padarias e Impacta o Consumo Popular
Alta no Preço do Pão Expõe Desafios de Padarias e Impacta o Consumo Popular (Foto: Reprodução)

Aumento no preço do pão francês em Belém expõe pressões sobre padarias e impacto no bolso do consumidor

Uma recente pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) do Pará revelou um aumento significativo no preço do pão francês em Belém, o que tem provocado reações distintas entre consumidores e empresários do setor de panificação. Segundo o levantamento, o quilo do pão acumulou alta de 6,12% entre abril de 2024 e abril de 2025. Apenas entre março e abril deste ano, o reajuste foi de 3,01%, percentual que corresponde à metade do total acumulado no período de 12 meses.

Com esse desempenho, Belém se destacou como a segunda capital brasileira com a maior variação no preço do pão no intervalo de um mês, ficando atrás apenas de Vitória, no Espírito Santo, onde a elevação chegou a 4,99%. A inflação sobre o produto preocupa especialmente as famílias de menor renda, que consomem pão francês com frequência e sentem no dia a dia o impacto de reajustes aparentemente pequenos, mas que se acumulam no orçamento.

O empresário Antônio Fernandes, proprietário da padaria São Romão, no bairro da Pedreira, compartilha sua visão sobre os fatores que vêm pressionando os custos de produção no setor. Ele afirma que, embora a farinha de trigo — principal matéria-prima do pão — tenha registrado certa estabilidade nos preços, outros insumos continuam com valores elevados ou em constante oscilação. “Estava lendo uma reportagem que dizia que a farinha deu uma estabilizada, mas o problema é o resto. Houve uma gangorra nos preços — sobe, desce — e agora parece que estabilizou um pouco. Mas a margarina voltou a subir. O fermento, por exemplo, há seis meses custava R$ 180 a caixa. Hoje está entre R$ 280 e R$ 300. Os periféricos estão pesando muito”, relata.

Outro fator apontado pelo empresário como decisivo para o aumento nos custos operacionais é a conta de energia elétrica. Mesmo com investimentos em energia solar, os gastos continuam elevados. “Tenho 148 placas solares instaladas no telhado da padaria e, mesmo assim, ainda pago R$ 7 mil por mês de energia. Se não tivesse as placas, esse valor subiria para R$ 15 mil. É uma despesa que pesa, principalmente porque não conseguimos repassar todos esses custos ao consumidor, especialmente os reajustes menores”, afirma.

Essa prática, segundo Fernandes, é comum entre os empresários do ramo: tentar absorver parte dos aumentos para manter a clientela, ainda que isso reduza a margem de lucro. No entanto, com sucessivos aumentos nos custos de produção, torna-se cada vez mais difícil segurar os preços sem comprometer a saúde financeira dos estabelecimentos.

De acordo com o Dieese, o quilo do pão francês passou de R$ 15,72, em abril de 2024, para R$ 16,76 no mesmo mês de 2025. O acréscimo de R$ 1,04 pode parecer pequeno isoladamente, mas representa um aumento expressivo para quem consome o produto diariamente ou em grande quantidade. Em uma família que compra 5 quilos por semana, por exemplo, o impacto mensal pode ultrapassar os R$ 20.

O cenário descrito em Belém reflete uma tendência nacional de pressão inflacionária sobre produtos básicos, especialmente alimentos. Os reajustes são impulsionados por uma combinação de fatores, como variações cambiais, custos logísticos, aumento no valor da energia e insumos, além de desequilíbrios na cadeia de suprimentos.

Enquanto os consumidores tentam adaptar seus hábitos de consumo à nova realidade de preços, os empresários do setor de panificação buscam estratégias para equilibrar qualidade, competitividade e sustentabilidade econômica. Nesse contexto, o pão francês — símbolo do café da manhã brasileiro — se transforma em termômetro da inflação e das tensões que cercam o custo de vida no país.

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